São Paulo, 17 de Maio de 2022

“Dar murro em ponta de faca”.
Uma clássica expressão de significado bem direto: a dor que causamos à nós mesmos pela insistência em algo.
Existem muitos limiares na vida. Até onde devemos ir? Quando saber se algo está sendo “humilhante”, quando está lhe fazendo mal, quando você está sendo feito de trouxa, quando está fazendo papel de ridículo, de carente ou mesmo de desesperado, ou, ainda, apenas insistindo quando já devia ter para há tempos?
São perguntas sem respostas. Ou com uma centena de respostas!
Todos que veem a situação “de fora” tem visões diferentes da sua. Essas visões muitas vezes são agregadoras, elas expandem nossa percepção. Mas utilizadas de forma positiva ou negativa depende apenas de nós. Escutamos muitas vezes amigos e familiares darem “pitacos” em nossa vida. Alguns estão sinceramente querendo seu bem (pelo olhar deles), outros querem ver o circo pegar fogo, outros apenas são fofoqueiros e não vão ligar de verdade se te fará bem ou não. Mas, no fim, só você sabe o que acontece dentro de você.
As escolhas são sempre pessoais. Fazer ou não fazer, ir ou não ir, estar ou não estar com alguém, ficar ou mudar de emprego, mudar de casa, todas as escolhas são pessoais. E são altamente mutáveis. A cada hora, a cada novo elemento, a cada nova sensação, novas pontes são construídas em nossa mente. E muitas vezes o que mostramos para o mundo não tem relação direta com o que estamos passando ou sentindo.
E quando desejamos algo? Quando criamos expectativas e lutamos por algo, mesmo sem saber onde vai dar, se será bom ou não, se dará certo ou não, no que se transformará? Até onde devemos ir? O quanto devemos insistir? Com que frequência? Quanto de energia devemos desprender?
Nenhuma resposta definitiva é possível, no meu ponto de vista. Novamente, é tudo estritamente individual, pessoal.
Atualmente apenas sigo meus instintos. Parei de calcular tanto, de imaginar, planejar, estipular. Tenho tentado seguir o curso natural das coisas. Faço, falo, vou, tomo atitude se sinto que, naquele momento, isso me fará bem. Pois o que nos resta a não ser o “momento”?
De que adianta tudo planejar e não sabermos sequer se estaremos vivos daqui a um segundo? Isso não significa que não devemos ter sonhos e lutar por eles. Não significa que não devemos lutar pelos sonhos, guardar dinheiro, planejar trabalho, família, viagens, moradia, carro etc. Planejar para conquistar também é vital e necessário. Mas não são “excludentes”.
Viver o momento é se permitir. É ter vontade de falar algo para alguém e falar! Ou escrever, que seja! É ter vontade de abraçar, de sorrir, de cantar, de ir, de fazer e acontecer!
Por isso, não sei quando devemos parar de dar “murro em ponta de faca”. Sei apenas que, agora, espero não dar murros, muito menos em facas.
Agora quero apenas soprar as sementes de dente de leão sobre os campos da vida, na certeza de que uma hora as mais lindas flores estarão diante dos meus olhos.
IMAGEM POR PEXELS