São Paulo, 15 de Abril de 2022

Tenho pensado muito sobre as redes sociais.
Estamos em um novo mundo. E já faz tempo. Todas as relações mudaram.
Antes do advento da internet, nosso ciclo de contato era construído no dia a dia. Pais, irmãos, primos, amigos da rua, do prédio, da escola, do trabalho, dos hobbys, da religião.
Eram nesses ciclos que conhecíamos, criávamos laços, fossem eles superficiais ou profundos, breves ou longevos, de amizade ou de amor.
Quebrar a barreira inicial sempre foi um problema. Uns são naturalmente mais tímidos, o que dificulta iniciar uma conversa ou se abrir quando alguém à inicia. Outros são mais abertos, o que não significa que iram “se abrir”. Podem ficar apenas na primeira camada por insegurança ou proteção.
Nos tempos atuais ao qual escrevo esse texto, 2022, pós pandemia de COVID19, vejo um mundo mais “solitário”.
Sim, todas as formas de conhecer e se relacionar com as pessoas ao qual descrevi acima permanecem existindo, e ainda são elas, a meu ver, o principal motor dos relacionamentos humanos. Mas à tempos temos um elemento à mais, chamado REDES SOCIAIS.
Qual o objetivo de fazer posts, como esse que estou fazendo agora?
Eu escrevo para compartilhar meus pensamentos no intuito de causar reflexão. Se ao menos uma pessoa que seja refletir sobre o que escrevi, saberei que meu objetivo foi atingido, por mais que eu jamais saiba disso.
Também escrevo para aliviar a mente, pesada e doentia de tantos pensamentos. Ao escrever dou vida à eles, e, de alguma forma, eles começam a ficar menos constantes na minha mente.
Mas vejo que as pessoas postam muitas coisas em suas redes. Não vou entrar no mérito técnico do algoritmo, de como as informações são escolhidas para aparecer para nós. Meu pensamento aqui é sobre qual o objetivo de quem posta.
Imagino que alguns postem para compartilhar suas alegrias. De alguma forma tenho a sensação de que isso nos faz bem, potencializa cada conquista.
Outros postam para ‘criar inveja’, mesmo que não intencional.
E tem ainda os que sofrem, e compartilham suas dores e angústias.
Fora, é claro, os que usam, sabiamente, as redes para amplificar seus negócios, sejam eles quais forem.
Tirando o último tópico, em todos os outros, será que alguém está querendo um retorno, um contato, ao realizar seus posts?
Faço esse teste à meses. Muitas e muitas e muitas vezes comento nos posts ou mando mensagens privadas. Raras vezes recebo um “obrigado”. Uma ou outra vez estende-se por duas ou três trocas de mensagens.
Imagino então que, especialmente quem compartilha seus sofrimentos, angústias e dores, não esteja procurando “retorno”, não esteja esperando encontrar novos relacionamentos, sejam eles de amizade ou amor, não estejam procurando consolo, palavra amiga ou novas pessoas para conversar, compartilhar, se abrir.
Se não é isso, então o que é?
Tendo à acreditar que esses posts são DIRECIONADOS. Posta-se nas redes, abertamente, para que sua mensagem chegue até pessoas específicas. Chegue nos olhos ou ouvidos de quem tem fez sofrer, de quem te infligiu dor.
Então volto ao começo desse pensamento: Permanecemos tendo os contatos REAIS como os mais promissores. Em todos as oportunidades de encontrar pessoas que descrevia acima, nos arriscamos a conhecer as pessoas, conversar, relacionar. Mas nas redes “sociais” não. Elas não estão ai para que sejam sociais. Não é esse o objetivo maior. É algo estranho que move as pessoas as postarem.
Seja o que for, elas não saem das redes. Dia e noite. Tudo é motivo para postar. É mais importante mostrar “ao mundo” do que “curtir o momento”. Todos fazem isso o tempo todo, mesmo sem saber para que o fazem. E todos passam horas e horas diária rodando os feeds. parece uma disputa sem fim para alimentar o ego, para ver quem tem mais “seguidores”. Viramos todos os “falsos profetas” para que tenhamos “seguidores”? Estamos “seguindo” para que? Para chegar no mesmo lugar que essas pessoas? Pois é para isso que se segue algo: Para alcançar esse algo.
As redes são 24/7. Todos os minutos de seu dia, ao abrir uma rede social, você será bombardeado de novos posts. Ou seja, elas não descansam, e com elas quem os seguem. Olhos vidrados em seus celulares, impossibilitando iniciar novas conversas REAIS com desconhecidos que podem vir a se tornar ótimos conhecidos.
No fim, ninguém se relaciona com as outras pessoas nas redes. E as redes ainda consomem sua atenção fazendo com que não tenhamos novos relacionamentos reais.
Estamos vivendo em um mundo antissocial.
Que momento estranho de se viver.
IMAGEM POR fauxels|PEXELS