São Paulo, 05 de Janeiro de 2022

Cada casal é único. Cada um tem sua dinâmica específica. Não existe receita, formula ou passo a passo. Cada casal necessita de ajustes constantes, pois ambos estão em constante mudança interior e exterior.
Tudo isso é fato.
E nada disso tira de mim o que vivi.
Estou separado. E dói. Ainda dói. Dói menos que à semanas atrás, mas dói. Sempre fomos taxados de “diferentes”. Sempre! “Que casal é esse que não se desgruda? Que faz tudo junto? Que está sempre junto?”. Perguntas que escutei milhares de vezes. Bem como a pergunta : “vocês são irmãos”? Pois é. Tinha isso também. A semelhança física.
Não tínhamos um casamento perfeito. Bem, acho que o casamento é perfeito em sim só, na sua eterna imperfeição. Foi um relacionamento de 21 anos. Dos quais não teve um dia sequer sem nos falarmos. Nenhum. Nela eu encontrava meu porto seguro. TODOS os assuntos eram permitidos. Não havia dia ou hora ao qual não nos falássemos. Podia ser expediente ou fora dele. Não importava.
Para alguns isso é um horror. Quanto já escutei homens e mulheres reclamando disso, desse “excesso”. Para mim não era. Pois eu gostava. De verdade, eu gostava. E gostei até o ultimo dia. Até o ultimo. E não me arrependo. Não disso. Aos que vierem com o papos de “mas não foi isso que estragou a relação?”. Eu direi que, para mim, não foi. JAMAIS iria me privar de algo que me fez feliz por 21 anos para “tentar” que durasse mais. Se esse foi o problema, se isso pode ter sido o causador da separação, pelo menos seu que vivi 21 anos muito felizes com isso. Aproveite demais essa oportunidade de ter uma esposa, amiga, companheira tão próxima, real e verdadeira como ela.
Não sei, hoje, o que ela pensa disso tudo. Não sei. Mas eu sei de mim. E sei porque dói tanto. Porque não tenho mais isso. Nada disso.
Talvez um dia me relacione novamente. O futuro é escrito a cada dia. Mas jamais será como era. Será, com certeza, diferente. Haverá coisa iguais, outras não. Haverá coisas melhores e coisas piores. Tal qual se eu ficar só. Terá coisas melhores e coisas piores. É a vida.
Mas está fazendo muita falta. A cada coisa que vejo, que penso, que falo, que vivo, quero comentar com ela. E não posso mais. Será que ainda demora muito para que eu pare com essa vontade? Terei eu que “substituir”? Acho improvável que encontre outra pessoa com tamanha paciência, tamanha vontade de estar junto, de conversar, de viver. E jamais procuraria outra pessoa igual. Cada um é cada um.
Ela está lá. Está viva, graças a Deus. Se ajustando a sua nova vida, a sua nova realidade, tentando se encontrar, achar sua forma de ser feliz. Isso me alegra. Me alivia.
Eu também. Estou seguindo. Ocupando meus minutos. Caminhando, sempre para frente. Mas olhando para trás.
Estou triste por tudo que sonhei e não terei. Estou triste por toda tristeza que causei. E estou triste por tanta falta que ela me faz.
Tem dias que são mais difíceis.
Hoje está sendo um deles.
FOTO POR T_ushar|PIXABAY