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95% E A LOUCURA

São Paulo, 7 de Setembro de 2021

Fiz esse espaço para escrever. Para fluir algo que agora eu tenho coragem de chamar de “arte”. Aqui escrevo o que penso, o que vejo, o que sinto. E por isso compartilho, dos pensamentos mais tolos aos mais profundos. E esse, é dos que vem do centro da terra.

Quando tudo está tudo de pernas para o ar, nenhum lugar é bom. No meio do furacão, tudo e vento e pedaços voando. A cabeça fica vazia, o coração fica descompassado. Como sorrir? Como se acalmar? Nenhuma certeza existe mais. Tudo é questionado, fora e dentro de você.

Para mim, restou a escrita. Escrever e escrever. Dia e noite. Pensamentos, medos, angústias, saudades. Palavras escritas aliviam um pouco a mente doente. Um pouco.

Descobrir os nossos problemas e nossos erros é vital para nossa evolução.  Mas e quando nossos problemas e erros matam algo dentro de nós? E dentro dos outros? É preciso mudar. Mudar o que você acha errado. Não os outros, nem a sociedade. Você!

As certezas as vezes viram fumaça, e essa fumaça cega, asfixia. Ficamos entre a loucura e a tristeza. E o que existe no meio? A paciência. Questionamos o que parecia ser pedra fundamental. Mas isso também pode levar à busca do que é vital. Procurar gostar de si mesmo, descobrir o que você gosta quando é só você com você e mais ninguém.

Cada pessoa é diferente. Algumas veem a vida como um passeio solitário, onde sua maior companhia deve ser você mesmo, e isso deva ser o suficiente, o necessário. Outras preferem dividir a vida. Não se sentem “completos” sozinhos. Sentem-se apenas parte de si mesmos. Querem compartilhar a vida, os medos, vitórias,  sonhos e projetos. Não significa “dependência”. Mas o prazer de partilhar, de somar. Não há regras. Cabe a empatia e o respeito pelo caminho que cada um escolher seguir.

Mas no meio da tempestade, tudo é cinza nesse mar de cores que é a vida. Pensar torna-se impossível. Agir muito menos. Apenas aguardar. Dar tempo ao tempo.

Para alguns, nada é mais valoroso que o sorriso do outro. Isso pode soar falso. Eu realmente acredito nisso, e compartilho desse sentimento. Dizem que devemos nos amar primeiro, acima de qualquer coisa. Não sei. Isso não me parece “equilibrado”. Me soa egoísta. Mas não devemos ser “refém” do outro. Seja a pessoa amada, amigo ou família. É necessário ter coragem para ter o equilíbrio. Quer fazer, faça. Não quer, não faça. Mas tenha coragem de aceitar suas próprias escolhas.

Escolher é verdadeiramente uma necessidade humana. Achar que pode ter “tudo”, que é só uma questão de paciência e planejamento é um erro. Novamente, você pode se tornar “refém”. Refém do seu próprio planejamento. E pelo “depois”, perder o “agora”. Milhares deles a cada instante da vida.

Mas no meio do terremoto, tudo perde o sentido. É como se o tempo parasse. Você não vive. Apenas sobrevive, parado onde está, tentando ficar de pé. Comer, dormir, trabalhar e não pensar. Pensar pra que? Uma hora ficamos exaustos. De pensar. De tentar.

Ficamos com medo. Medo de olhar pra dentro de si mesmo. Quando você constrói sua vida em cima de uma certeza e ela é arrancada de dentro do meu peito, o espaço que sobra é rapidamente preenchido por centenas de dúvidas.

Quando tudo passa, o furação, a tempestade, o terremoto, você se questiona se quer voltar para aonde estava. Pode olhar para trás e ver que foi feliz. As vezes pode perceber que foi 95% feliz durante um determinado período de sua vida. Que lutava, lutava duro todos os dias pelos 5% faltantes. Em parte, era o que te movia.  

As vezes é preciso de pouco. É preciso poder sonhar e deixar os outros sonharem. Sonhar de verdade, sem limites, longe do atoleiro da realidade. A lama que preenche o espaço do “real” pode lhe dragar e lhe tornar um ser amargo, realista, pessimista, metódico.  CHATO PRA CARALHO.

É preciso poder falar. Falar de tudo, sobre tudo. É preciso poder planejar. Do simples ao complexo. Um passeio, uma viagem, uma refeição.  Mas estar aberto, de verdade, que tudo pode mudar em um segundo, e isso não é ruim. Um plano, seja algo simples como um filme em casa, uma comida, ou um passeio, uma visita, uma viagem, um almoço, tudo pode mudar de uma hora para outra, e tudo bem! Não seja refém dos planos que você mesmo fez. Deixe espaço para o inusitado. Seja flexível.

Ame. Fale “eu te amo”, faça um carinho, uma loucura, um dengo, um beijo, dê um abraço. E seja amado. Na alma e na carne. No presente e no futuro.

Busque a paz. Paz não é ausência de discordância. Paz é saber que depois da discordância, tudo permanecerá bem, pois a discordância nos faz crescer. Aprender a discordar é mais importante que concordar em tudo.

Perdoe. Somos falhos, humanos, erramos, mas nos esforçamos em aprender. Pelo menos deveríamos.

Confie. É preciso confiar. Confiar nos outros e em si mesmo. Uma vida de “pé atrás” o tempo todo é uma vida onde sempre se está andando sobre cascas de ovos. Onde o medo impera sobre as decisões.

Preencha o peito. Tenha um motivo para acordar de manhã, trabalhar e voltar a noite.

Aprenda a dizer “não” e dizer “sim”. Assuma uma posição. Tenha uma posição. Tenha uma opinião. Por mais que os outros discordem, tenha. Mas seja flexível para mudá-la. Ninguém pode mudar a opinião de ninguém. Só você pode mudar a sua opinião, de acordo com o que você vive. Cada um muda a sua opinião quando isso é bom para si mesmo.  Por isso ler, ver, ouvir e conviver é tão precioso. Para abrir a mente.

As vezes tudo é duvida, silencio, lágrimas e dor. Estar quieto não é sinônimo de querer atenção. Pode ser apenas tristeza demais pra falar. Mas quando se está iluminado, nada melhor que distribuir essa alegria.

No fim, tudo é causa e efeito. Somos hoje apenas o reflexo de tudo que vivemos até esse momento. Se você não enxerga ou faz vista grossa, é sua escolha, ou falta de coragem para ver. Consciente ou inconsciente. O futuro lhe mostrará. Você querendo ou não. 

As vezes algo quebrado não tem mas conserto. As vezes tem. Porém as vezes só o que temos é a dor, tristeza e desesperança.

E a loucura.

Foto por Elīna Arāja|Pexels

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Emma Dee McCabe
Emma Dee McCabe

Author/ Photographer
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