São Paulo, 12 de Dezembro de 2021

O que agora eu faço
Com todo esse espaço
Não sei mais dar nenhum passo
E por pouco não me desfaço
Não há ninguém no meu encalço
Me sinto o tempo todo descalço
Pois nada o que calço
Desfaz esse meu embaraço
Se forçar eu me amasso
Como uma folha de papel almaço
Com histórias de mal passos
De um vida em espera de compasso
Já não sei mais o que traço
Como nas linhas de Picasso
Todos os ângulos em um único pedaço
De um passado sem laço
Um futuro sem sobrepasso
De certezas duras como aço
Me distancio pelo cansaço
De muito tempo de descompasso
Na terra batizada em nome do apóstolo de Tarso
Busco pequenas alegrias andando ao sol, chuva ou mormaço
Mas nada que faço
Preenche o vazio desse espaço
FOTO POR Anna Nekrashevich|Pexels