São Paulo, 20 de Setembro de 2021

Completude: Estado, condição ou qualidade do que é completo, daquilo a que não falta nada.
Para uma pessoa como um todo, acredito que seja um estado impossível de ser alcançado. “Não falta nada” é muito forte!
A busca pela nossa “completude” é uma das ações que nos movem. E, da mesma forma, é uma busca “mutável”. Ao se sentir “completo” em algum aspecto, buscaremos outro, e assim por diante. Somos movidos pela busca da completude em muitas direções distintas. As completude total dificilmente será alcançada. A completude está ligada à felicidade, a alegria, a auto realização.
Até o presente momento atingi muitos de meus sonhos e objetivos. Muitos desses já foram complementados, sendo inseridos novos pontos a serem alcançados.
As experiências tem um valor inestimável, muito mais que as “coisas”. Elas trazem uma sensação mais duradoura, e revivê-las na mente trás de volta essa sensação de alegria, paz e realização.
Tive a honra de me sentir “completo” na realização de muitas delas. Vejo como um erro você vincular a felicidade pela realização de algo à presença e participação de outros. Esse vinculo, essa obrigação, trás um peso ruim para todas as partes envolvidas. Apesar de ser sempre melhor compartilhar aquilo que é bom com pessoas queridas, isso deve ser bom e sincero para todos os envolvidos.
Muitas sensações são disparadas em minha cabeça quando penso sobre isso. Nem sempre aquilo que lhe fará feliz também fará o outro feliz. As vezes é um ato que tem um valor muito maior para você que para o outro. Por isso, o fato do outro não estar junto não pode ser motivo para você não se entregar 100% à aquele momento e ser pleno e completo naquilo que está acontecendo ali, agora.
Isso só pode ser alcançado com sinceridade e liberdade. Deve existir uma cumplicidade entre as pessoas ao qual o melindre muitas vezes não permite.
Ao chamar alguém para algo, você está dizendo para aquela pessoa que a presença dela, a companhia dela é importante para você. Que você gostaria muito que essa pessoa estivesse junto naquele momento. A resposta da pessoa pode ser “sim” ou “não”. Em ambos os casos a sinceridade deve ser levada em conta.
Quando você receber um convite, deve levar em conta primeiro se você quer ir. Quer ir, diga sim. Essa é a parte mais fácil.
Não querendo ir, diga, da forma mais sincera possível, que não quer. Mas deixe claro que não está fazendo isso porque não quer estar com a pessoa naquele momento. Apenas porque não quer ir. Não diga “não” por pirraça. Nem por “charminho” para que o outro insista. A outra pessoa está te convidando, já está clara a vontade dela que você esteja lá. E é obrigação dela também não ficar insistindo. O convite está feito. Respeite a resposta dada.
Porem muitas variações podem acontecer. Ao dizer “sim”, você pode estar fazendo isso para alegrar ao outro, não a si próprio. Nesse caso você pode deixar isso implícito ou explicito. Explicito é sempre mais sincero, algo do tipo “não estou a fim, mas vou para lhe fazer companhia” ou “vou por é importante para você”. Mas não “pese a mão”, nem para você nem para a outra pessoa. A sensação de “estou indo por obrigação mesmo que isso seja horrível para mim” é ruim para os dois lados. Se for ruim para você ir, diga que não quer. Senão, estará fazendo mal para os os dois.
Existe também quando você quer, mas não consegue ir. Por outro compromisso ou por não ser possível física ou psicologicamente. Outra vez, a sinceridade é sempre o melhor caminho. Responder “Quero, mas agora não posso” ou “quero, mas agora não consigo” abre um leque de possibilidades. A pessoa que convidou pode dizer para você: “tudo bem, eu vou dessa vez e vamos juntos em uma próxima”, ou “tudo bem, farei outra coisa e deixarei para ir com você outro dia”. Tão simples, tão fácil de escrever aqui, tão difícil de ser feito.
Quem está convidando também precisa ter tudo isso muito claro em sua mente. Respeitar o “não” do outro e entender os motivos é importantíssimo. E estou aqui falando de qualquer relação: Pais, Filhos, Amigos, Companheiros. Não importa, isso vale para todos.
O respeito é a base. Respeite a si mesmo e ao outro. Não seguir os caminhos acima leva a “dependência psicológica”, onde ambas as partes, quem faz o convite e quem recebe, sentem-se pressionados a convidar e a aceitar. Deixam de fazer coisas pelo “não” recebido sem necessidade de ter deixado de fazer. Ou pior ainda, fazem as coisas sem se entregar. E voltamos então a “completude”.
Nas experiências vividas, a não “completude” trás um peso irreparável. Viver uma experiência sem a entrega devida faz com ela não seja completa. E, novamente, joga o peso da culpa em ambos os lados.
Respeite e respeite-se. Isso que levará você a completude das pequenas e grandes experiências da vida.
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