São Paulo, 17 de Setembro de 2021

Estamos seguindo por um caminho, estamos firmes nele, achamos que ali temos nosso rumo, nosso norte. Nos concentramos naquilo que nos fortalece, seja nossa fé, nosso trabalho, nossos amigos, nossos passatempos, nossa família, nosso amor. Mas somos traídos por nós mesmos.

Ninguém ainda sabe exatamente como esse danado do cérebro funciona. Existem milhares de estudos, de teorias, de constatações. Cirurgias foram inventadas, remédios, implantes, terapias. Autores e mais autores escrevem e descrevem sobre nosso pensamento.

Temos ajuda de todos os lados. Frases motivacionais, que nada mais são verdades ditas por outras pessoas, que podem nos tocar profundamente, nos modificar, nos acordar do transe, nos dar a força que faltava para iniciar o processo de mudança e cura.

Vivemos e convivemos em sociedade. E nossos pensamentos refletem isso. Somos reflexos de tudo que vivemos. Notícias de situações próximas ou distantes, filmes e séries que refletem nossos pensamentos, musicas e fotos que nos levam para lugares onde fomos felizes ou tristes. Até que adormecemos, e perdemos completamente o controle que “achávamos” que tínhamos da nossa mente. Alguns não lembram de seus sonhos nem de seus pesadelos. Sortudos ou azarados, eu não sei dizer. Eu lembro. Eu vivo intensamente esses sonhos. Me alegro e sofro com eles.

Já tive sonho de redenção, de perdão, de novas chances e novos caminhos. Não temos controle algum do presente ou futuro, só as lembranças do passado e os desejos que lutamos para o futuro. Lembro da sensação que senti durante o sonho. Um estado supremo de alegria. Pena que esse estado fica ali, preso no sonho. Ao retomar a consciência percebi que era apenas um sonho, e que a realidade estava bem oposta à aquilo. Doeu. Logo passa. Sei que passa.

Mas naquela hora “bateu a bad”. Queria ter ficado ali, no sonho, onde as feridas cicatrizaram, onde um novo caminho começou a ser trilhado, onde o passado ensinou ao presente como se comportar para construir um futuro melhor. Novas histórias com os mesmos personagens. Os mesmos por fora, diferentes por dentro.

Pena que ficou ali. Sempre fica ali. Preso no sonho.

Preso na noite a dentro.

Não sei se você, leitor, vai conhecer a frase que vou dizer. Foi dita em um contexto COMPLETAMENTE diferente, mas acho que se aplica bem à esse pensamento: “Saudades do que não vivemos”.

Ilustração por CDD20|Pixabay