São Paulo, 16 de Setembro de 2021

Já tive acaloradas discussões sobre “esquecer”, “desculpar” e “perdoar”.
Novamente não vou me prender á etimologia das palavras acima. Mas fiz uma rápida e importante descoberta: Desculpar é o ato de conceder o perdão à alguém ou a si próprio. Dito isso, temos apenas dois conceitos para discutir: Esquecer ou Perdoar.
Pesquisei “perdão” no Google e encontrei inumeráveis vídeos e artigos sobre o assunto. Cada pessoa se expressa de uma forma diferente sobre o que é perdão e sua importância. Gostei particularmente de um link que deixarei ao final desse post. Mas vi muito conteúdo interessante do Karnal, do Cortela e do Pondé. Vale a pena uma rápida pesquisa.
Considero que esquecer é “perder a lembrança”. É não lembrar de algo. Perdoar é lembrar, mas não sofrer mais a dor infringida pela lembrança. É possível esquecer sem perdoar, é possível perdoar e esquecer e é possível ainda perdoar sem nunca esquecer.
Pensamos no “perdão” porque algo não nos fez bem. Estou falando como pessoa, como ser humano. Alguém fez algo, ou eu fiz algo, e isso machucou, isso doeu, isso incomodou, isso feriu, isso magoou.
Essa sensação é vivida dentro de cada um. Cada um sabe a intensidade de suas dores da alma. Quando algo dói, machuca, esse algo nos faz mal. E faz mal de verdade. O corpo todo sente. Estomago, cabeça, músculos, intestino, mente, pensamentos. Tudo desregula. E pode levar a problemas ainda piores. Existem teorias que o câncer pode surgir dessas sensações reprimidas. Somos um só corpo, e o câncer é uma “divisão celular que deu errado”. Qualquer coisa pode desencadeá-la, até uma mágoa não resolvida, o perdão não dado para alguém e principalmente para si mesmo. Então acredito que essas teorias tem fundamento.
Ninguém gosta de sentir dor (sádicos, não estou falando com vocês!). Então porque ficamos nos penitenciando pelo que JÁ aconteceu? O que fez mal, seja porque me fizeram mal ou porque fiz mal à alguém, serve como ensinamento. E assim deve ser.
Esquecer é um problema. Esquecer faz com que cometamos os mesmo erros várias e várias vezes. Pois não guardamos o ensinamento do erro. Tem sua vantagem, pois também não guardamos o mal que fizeram para nós. Mas tem um peso enorme, pois não guardamos o mal que fizemos para o outro. Definitivamente os esquecidos tem uma enorme dificuldade em aprender e evoluir.
Esquecer sem perdoar pode ser um veneno. O perdão, a desculpa, é quando você, dentro de você, APRENDER a viver com aquilo. Aquilo está lá como um ensinamento. Você lembra, sabe que não deve fazer ou que aquilo que fizeram lhe fez mal. Mas a vida segue. Você não chora, não sofre, aquilo não dói novamente. Pode incomodar, porque a cicatriz ficou. Está lá para que você saiba o que fazer ou não fazer, ou como agir e se defender ou se proteger para que a pessoa não faça novamente aquilo com você.
Se você esquecer sem perdoar, quando “lembrar” daquilo, a dor, a angustia, a mágoa ainda estará lá. E se você perdoar e esquecer, não terá aprendido. Não vai lembrar e não vai conseguir evitar a repetição do erro.
Aprendi que não é fácil perdoar. E agora vi, pela quantidade de pensadores, filósofos e psicólogos que estudam e lidam com o assunto, que é um mal TERRÍVEL de lidar. Mas que é EXTREMAMENTE NECESSÁRIO aprender a perdoar. Não para os outros, mas para si mesmo. O mal que faz, faz em você.
Aprendi também que o perdão se manisfesta diferente em cada pessoa. Por isso, respeite! A dor, o tempo, a forma e o perdão de cada um.
Poderia aqui passar horas escrevendo sobre isso. De nada adiantaria. Não existe fórmula mágica, nem remédio, nem oração, que ensine o perdão imediato. É um treino. É um aprendizado.
Só quero que você, leitor, acredite em uma coisa e guarde isso para sua vida. PERDOE! Procure ajuda, leia, escute, faça o que for necessário, mas PERDOE!!! Aprenda a perdoar! Os outros e a si mesmo.
Certas situações e certas pessoas lhe causarão mal na vida. Muito mal. Perdoar significa aprender a conviver. Significa que você não vai mais ficar mal com aquilo. Se você aprendeu que, para poder viver em paz, você precisa se afastar daquela situação, daquela pessoa, ótimo. Se aprendeu como se defender para se proteger ou como agir para não cometer o mesmo erro e acabar ferindo o outro, ótimo!
Infelizmente existem pessoas que são “más”. Que não te querem bem. Pode ser um amigo, uma pai, uma mãe, um marido, uma esposa, um filho, uma filha, um funcionário, um chefe, um cliente. Tem pessoas que realmente não gostam de você, sem motivo, ou não sabem lidar com os problemas pessoais delas e descarregam nos outros todos suas frustações. E não tem a MENOR vontade de mudar, pois acham que estão certos daquele jeito. Dessas, se afaste! Mas perdoe mesmo assim. Se precisar falar com alguma delas, fale! Se te pedirem ajuda e puder ajudar, ajude. Não precisa ser amigo, não precisa ter convivência se aquilo te faz mal. Mas não faça ou deixe de fazer algo que possa te atormentar no futuro, que possa te causar arrependimento, pois estará trocando um problema por outro.
As pessoas comentem erros. Tem pessoas que tem problemas e não descobriram ainda, ou não tiveram coragem de enfrentar, ou não conseguiram ser ajudadas da forma correta para melhorar. E tem aquelas que cometem erros, simples e puramente. Essas podem ter amor por você. E você por elas. Então, perdoe, e se puder, não perca o contato. Dê quantas chances puder. Enquanto der. Enquanto for bom, enquanto for possível para VOCÊ.
O perdão não é para outro. Para o outro é uma frase, uma palavra, que pode sim aliviar a dor do peito pelo mal cometido por essa outra pessoa. Mas o perdão é para você! É para seu coração que ele fará bem.
A leveza que o perdão traz é inigualável. Só quem experimenta isso pode dizer.
Procure ajuda. Perdoe a si mesmo. Não se puna. Todos podemos aprender a perdoar. Basta descobrir como.
Imagem por Myriams-Fotos|Pixabay