São Paulo, 24 de Agosto de 2021

Quando nascemos, a única coisa certa é a morte. Ignore sua religião ou sua crença. Esse corpo vai morrer. Fim de papo.
E as certezas que temos em vida? São verdadeiros “tapas na cara”. Parece que elas estão ali, apenas esperando o momento certo de te acertar e levar você à lona.
Algumas pessoas têm memória demais. Outras tem memória “de menos”. Eu estou nesse segundo grupo. Por um lado é bom, pois as pessoas do segundo grupo muitas vezes também não lembram das coisas ruins ou das que “doeram” ou “machucaram”. Viraram poeira no vento do passado, lembranças soltas no tempo. Por outro lado é péssimo, pois isso faz com que demoremos muito mais para aprender. E com isso perdemos a chance de não repetir as “certezas” de outrora, que sem voltam à te acertar em cheio.
Já cai muitas vezes apoiado em minhas “certezas”. Mas em todas as quedas me levantei.
Também faço parte de um grupo de pessoas “mais”. Tudo tem que ser “mais”, tudo tem que ser exagerado, intenso, pleno. E por isso mesmo acabamos nos fiando muito MAIS nas certezas. 99% das certezas já me derrubaram. O 1% que falta é porque não chegou a derradeira hora.
O chão é duro. É frio. Quando se cai, não tem nada que amorteça seu corpo do impacto que fará seus ossos partirem. E a certeza vem, te dá uma rasteira, te joga no chão, chuta sua cara e te deixa sangrando. Dói demais. Parece que a dor nunca vai passar. E você tenta levantar, mas está totalmente desnorteado. Sabe que não pode ficar ali, pois vai sangrar até morrer. Mas sabe que não pode correr, pois vai cair e ficará ainda pior. Morre de medo de atravessar a rua e ser atropelado, já que não está vendo nada direito de tão inchados e ensanguentados que estão os olhos.
E sabe que não pode voltar. Não existe caminho para voltar.
A certeza foi embora. Ela te espanca e desaparece. Com sorte, aparece alguém para te ajudar, te levar no médico e te levar para casa. Mas vai chegar um momento que você estará sozinho. Pois antes você tinha a certeza ao seu lado. Mas ela se foi. Agora nada sobrou a não ser seu corpo despedaçado.
Só que somos um bando de idiotas. Logo vem outra certeza e nos agarramos nela. Ela pode ser a antítese da certeza que te bateu. Ou igual. Tanto faz. Você vai confiar nela. E vai curar todas as feridas e esquecer o que “aquela” certeza faz com você. E quando menos esperar, estará no chão novamente.
Até que a única certeza te alcance.
Foto por Musa Ortaç/Pexels.com