São Paulo, 04 de Abril de 2021

Não importa se no calor solar do dia ou no frio noturno, grito para os grãos de areia, que sibilam ao vento e levam minhas lamúrias e tormentos pelo deserto.
Está muito difícil. Muito cansativo.
Acabamos de passar a segunda Páscoa longe do que amamos. Mas eu ainda tenho os que amo aqui, nesse plano, nesse planeta. Perdi amigo, perdi meu avô, o ser mais iluminado que conheci, o qual nunca deixarei de sentir falta.
Mas muitos perderam muito mais. Perderam avós, pais, filhos, amigos. Alguns perderam todos, ficaram sozinhos. E muitos perderão seus empregos, suas fontes de renda, e estão passando fome, além de ter seus amados sendo levados por essa doença silenciosa e mortal.
Jovens, idosos, não importa. Estão sendo ceifados pela morte como centeio no campo, não importando se é um pequeno broto ou um grande espigão.
Queria dormir e ter um sono tranquilo. Queria não sonhar que estou sem máscara, e me desesperar por isso. Queria não sonhar que todos a minha volta estão sem máscara, correndo risco. Queria não sonhar que perdi mais alguém amado…
Queria ainda mais que todos usassem suas máscaras. Um pedaço de pano. Não dói, não machuca. E pode salvar a sua vida, e a vida de quem está a sua volta. Por que?? Por que não usar? Por que ser “do contra”. De onde vem essa “coisa” de não aceitar a ciência, de não aceitar o que sugerem. Por que gostam tanto de ser transgressores? “Não vou fazer pura e unicamente porque me impuseram”. Nunca vou entender isso.
Hoje estou mais cansado. Deixei as notícias dentro da TV, dentro do site, dentro do rádio. Me distanciei delas. Mas elas não se distanciaram de mim. 331.000 mortos no Brasil. E subindo.
Hoje está pesado. Está cansativo. A luz no fim do túnel é apenas um fósforo aceso. Enquanto milhares de pessoas protegem essa luz, enquanto milhares tentam levar mais madeira para acender a fogueira, outros estão soprando para ver se apaga… e outros ainda dizem que essa luz é falsa, ou que o melhor é usar lanterna, mesmo que ela não tenha sido inventada ainda.
Vamos levar mais um dia. Um dia por vez. Sobrevivendo.
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