São Paulo, 07 de Agosto de 2022

Em algumas horas as palavras saem em rimas e versos. Em outras formam um pensamento. Em outro momento, apenas o silêncio é percebido em minha mente.
Hoje estou refletindo sobre a magia do equilíbrio.
Um relógio marca o fluxo do tempo em passos cadenciados seja ele mecânico, digital ou atômico. Sempre o mesmo espaço de tempo entre suas marcações.
Em um laboratório farmacêutico, para que os comprimidos sejam produzidos de forma correta, a mesma quantidade de cada elemento deve ser adicionada correta e constantemente.
Isso repete-se na produção de alimentos industrializados, na construção civil e em tantas outras áreas da vida humana.
Mas a vida humana em si não é regida por padrões.
Muito já escutei, presenciei e vivi sobre o equilíbrio. Muitas teorias falam sobre dosar. Dosar o tempo, dosar a intensidade.
Para que?
Não existe regra na vida. Continuo afirmando que somos seres que fazem escolhas o tempo todo e que somos mutantes em nós mesmos.
Você espera. Espera “ter” algo para atingir ou realizar tal coisa. E o agora? Vale ser “menos” agora para ser “por mais tempo”? Que “tempo”? Posso não acordar amanhã. Posso ter um infarto fulminante. Minha vida pode virar de ponta cabeça por motivos externos de uma hora para outra. Uma nova guerra global pode eclodir a qualquer momento. Uma nova pandemia.
E aí? Você está “esperando”! Esperamos ter dinheiro. Esperamos o grande amor. Esperamos a oportunidade. Esperamos. Apenas Esperamos. Você não foi, não fez, não disse, não se entregou de corpo e alma ao que estava fazendo, onde estava, com quem estava. Tudo pela falsa sensação de controle, de que pode planejar os passos e executar como deseja.
Queremos controlar a vida, mas ela é incontrolável. Perdemos tempos fazendo suposições, construindo cenários, tendo medos. Quando no fim, só temos o agora.
Que fique claro que não estou aqui fazendo uma apologia ao imediatismo. Sou uma pessoa com sonhos, projetos e desejos. Me planejo financeiramente e planejo, no sentido de me organizar (ou tento ao menos) para tudo que é prático: Serviço, viagem, visitas e tarefas.
Mas não é sobre isso que estou refletindo aqui. É sobre “dosar” de propósito sentimentos e ações no intuito de querer alongar a felicidade, de controlar o futuro. Isso não é possível.
Novamente, não acho correto sair como louco fazendo tudo que quiser. Você não deve tomar tudo que deseja tomar, experimentar tudo que lhe der na telha, se entregar fisicamente a tudo sem limites (isso inclui o contato físico entre pessoas e os exercícios físicos). Tudo deve ser equilibrado, balanceado. Tudo deve ser bom. Tudo dentro do que você quer, dentro do seu sentimento, do seu desejo, do que flui em seu corpo e mente.
Ou seja, sem essa de ficar “evitando” e “controlando” apenas para “manter” uma pessoa por mais tempo, um emprego, uma oportunidade, uma série, uma comida. A comida estraga, não adianta querer comer um pouco por dia por um ano a mesma comida. A série é cancelada, ou você pode não ter como pagar a assinatura do streaming. As oportunidades passam. As pessoas vão embora, morrem, mudam, se transformam.
É hora de buscar o equilíbrio entre o prazer e o sonho, entre o agora e o futuro.
É hora de viver.
IMAGEM POR Sebastian Voortman | PEXELS