São Paulo, 01 de Junho de 2022

Até onde a curiosidade é saudável? Já li muitas vezes que ser curioso é uma qualidade admirável no ser humano. Muitas outras espécies também têm curiosidade em suas características, mas utilizam muito mais por sobrevivência do que por descoberta.
Sermos curiosos nos levou à grandes descobertas. As invenções vieram em grande parte da curiosidade dos fenômenos da natureza, que depois vieram a ser estruturados, teorizados nos mais diversos ramos da ciência.
A criança faz suas descobertas pela curiosidade. E por não ter ainda a formação do que é ou não perigoso, necessita de nós, adultos tutores, para gerenciá-los e controlá-los, no intuito de evitar machucados, sequelas ou coisa pior.
E quem nos controla? Quem coloca limite na curiosidade do adulto?
Para nós, a curiosidade passa a ser uma relação de causa e efeito. Ser curioso nos leva a procurar, investigar, tentar, arriscar e questionar assuntos que por vezes mereciam permanecer dentro do imaginário. Mas estamos em uma sociedade de ansiosos. O excesso abusivo de informações, grande parte dessas contrárias entre si, embasadas em fontes distintas, nos coloca em xeque permanente, o que ferra ainda mais com nossa ânsia por respostas. Nossa curiosidade é colocada à prova, pois não basta apenas ter uma resposta. Somos obrigados a ter muitas respostas para que possamos formar nosso pensamento. E isso é bom! Se bem utilizado, se formos educados para pensar e não à apenas acreditar, se formos educados a discutir ideias sem brigar, a respeitar as opiniões alheias mesmo que não concordemos, teremos uma grande evolução como sociedade.
Existem ainda as curiosidades de um relacionamento, seja ele da amizade, parental ou amoroso. Quem não tem um parente “fuxiqueiro”, que quer saber tudo da vida de todos, apenas pela curiosidade? Quem não fica querendo saber da vida dos amigos? Ainda mais hoje, com a modalidade do “stalker” (saudável, por favor, senão é crime!).
Mas o pior tipo de curiosidade é a de um casal. Ela pode ser desde a coisa mais simples, daquele ser chato que estraga TODAS as surpresas do companheiro pelo simples fato de não se aguentar, até o ciúme doentio, que faz com que a curiosidade acabe por minar a confiança. Aí está a chave. Confiança. Quem está junto deve confiar. E a confiança mina a curiosidade. Ela torna a curiosidade desnecessária, obsoleta, ineficiente. Se existe confiança, para que fuçar a vida alheia?
Trabalhar a curiosidade de forma saudável é realizar o exercício do “por que?”. Antes de fazer uma pergunta, antes de procurar uma informação, antes de “enfiar o nariz onde não foi chamado”, olhe para o espelho e pergunte “por que eu quero saber isso? O que eu farei com a resposta, seja ela qual for? Irá me acrescentar algo? Eu poderei ser mais feliz ou mais leve descobrindo o que desejo saber?”
A resposta que você escutar de sua mente lhe guiará em suas ações. Se escutar um “porque sim, porque quero saber”, então pare por ai! Agora, se na resposta de sua mente estiverem contidas alternativas e caminhos que podem lhe fazer bem, atitudes a serem tomadas, então vale a pena perguntar, questionar, procurar, ou seja, exercer sua curiosidade.
Senão, lembre-se sempre:
A curiosidade matou o gato!
IMAGEM POR cottonbro | PEXELS