São Paulo, 03 de Abril de 2022

“Referências cruzadas” | parte 4 de 5
Olhem para Dr. Jekyll no “O Estranho Caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde”, de Robert Louis Stevenson. Sério, renomado, respeitoso. Quem imaginaria que “Mr. Hyde” habitaria em seu ser? Que um monstro estaria escondido em sua persona?
E Dr. Banner? Um brilhante cientista que convive com uma fera quase irracional, monstruosa, ativada pela “raiva”, disparando o gatilho para que o Hulk tome conta de todas suas ações.
Onde está o monstro? Qual lado é o verdadeiro? Quem controla quem?
As aparências podem enganar. Vemos o que nos é mostrado. Vemos a parte externa. A casca. Vemos as ações, as palavras e os olhares. Vemos as roupas. Vemos apenas o que é possível ver. Vemos o que queremos ver, que, muitas vezes, não é o que está à vista de nossos olhos. E praticamente todas as vezes não é o que outra pessoa vê. Tudo é extremamente particular. Tudo é pessoal. Tudo está baseado em nossas certezas e verdades, ou no que queremos crer.
A sensação de monstruosidade pode habitar cada um de nós. Atos inimaginados podem ser feitos em situações sem controle, onde ações são necessárias para, por exemplo, proteção de sua vida ou de outro. Atos monstruosos que jamais imaginamos cometer. Mas que cometemos quando é preciso. São “monstros” que nos habitam, mas que temos controle. Que só despertamos no desespero.
Mas em algumas pessoas o “monstro” controla o “médico”. São pessoas que fazem o que fazem, como fazem, sem medir nenhuma consequência. E sem se importar com isso. Não sentem, não incomoda, não dói nada em sua consciência. O monstro toma conta do seu ser, de sua mente, de seus pensamentos e seus atos. Essa pessoa tem a certeza de que está correta. Está fazendo o certo. Mas é o monstro tomando as decisões, sem que o médico possa fazer absolutamente nada.
Em todos nós habitam monstros. Cabe a cada um controlá-lo a forma que for possível
IMAGEM POR lilartsy | PEXELS