São Paulo, 21 de Outubro de 2021

Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Dois dos maiores poetas e compositores que esse país já teve em toda sua história.
A musica “A Felicidade” traduz como é “breve” a felicidade, como é volátil. Mas fiz que a tristeza não tem fim. Discordo. Ambas são voláteis. São momentos. São sentimentos.
Hoje estou tomado pela tristeza. Ela domina todo meu corpo e minha mente. Apesar de tanta coisa boa que tenho (saúde, serviço, recursos suficientes para sobreviver, amigos, família), aquilo que me era mais precioso está chegando ao fim. Ou já chegou. Talvez agora seja apenas um “passo”, uma “confirmação”, uma “marca”.
Está doendo demais. Não como doía nos meses passados, no “início do fim”. A dor mudou. Não é uma dor desesperada. É uma dor contida, um choro que escorre leve pelos olhos.
É muito triste ver um sonho chegar ao fim. Mas sonhos que não são apenas seus, que necessitam de outras pessoas, tem esse risco inerente.
O amor, o relacionamento, o casamento. Todos eles precisam de doses diárias de alimento. Precisam ser cultivados. Mas da mesma forma que podem receber doses diárias de benefícios que o sustentarão e o alimentarão, podem receber doses diárias de veneno, pequenas e quase imperceptíveis, que o matarão.
É um equilíbrio entre veneno e antídoto. Algumas doses de veneno são facilmente combatidas com a dose certa de antídoto, e nem deixam sequelas. Mas tem aquelas que vão matando lentamente. E nada que é feito pode combater. Seria preciso cessar o veneno. O problema é que aquele que aplica do veneno pode não saber, ou saber e não conseguir evitar de aplicar. Então para ele não “dói”. Mas para que recebe, mata.
Em poucos dias estarei dando um passo na direção oposta que sonhei, que planejei, que desejei. Faço por que é necessário. Não porque desejo. Meu coração está destruído. Minha mente em frangalhos.
Só me resta viver um dia por vez.
E esperar que, contra Vinícius e Jobim, a tristeza tenha fim.
FOTO POR PDPics|PIXABAY